20.4.08

Transfiguração

Pois a vida é assim, feita de sol, chuva, neblina e arco-íris. E quem dirá que o raso não me torna profundo ou que o profundo não é apenas um passo pro raso?

O difícil é dizer algo que não se conhece e nem mesmo se sabe por onde foi. A dor é entediar-se de si mesmo quando nem mesmo se sabe quem é.

O problema é jogar sem saber qual é o prêmio. É pensar sem saber qual é o fundo.

É lama. Partida e chegada nos pés que tateiam o travesseiro.

É compreender que estar longe não quer dizer estar perto, ou que estar perto pode, sim, querer dizer estar longe.

É se enroscar em cobertores sujos que te levam a algo, que te fazem buscar o que não é legítimo, o que não é viável. “O que não tem sentido”.

É assim. Esperar que o sol nasça e adentre. Que endureça a couraça de terra e que esta se desfaça.

Que seja mais uma parte da alma no ar. Se dissolvendo qual poeira na estrada deserta.

Que seja a pele morena, feita de sol, chuva e arco-íris.

Um comentário:

Murilo Araújo disse...

Seu texto é intenso...
Parabéns, Talita!!!

Gosto de ler coisas que fazem vibrar, que mexem com a gente, e vc prende, fixa, faz refletir, como um Drummond, que pode estar apenas dizendo que há uma pedra no meio do caminho, mas que nos faz viajar em devaneios inexplicaveis... pensar em qualquer coisa que faça sentido, que signifique alguma coisa no nosso dia, e que faça a diferença...
Coisa de poeta...

Um beijo grande...

Murilo