23.2.08

Direita e Esquerda

Os pés balançavam como um pêndulo. Direita-esquerda, direita-esquerda. Juntos.
Pouco tempo e lá estavam eles se esbarrando na mesa, num som contínuo. Não sei se era o som ou a falta de jeito que fazia com que o pé esquerdo se movesse numa velocidade maior, forçando o direito a ir chocar-se com o outro, sempre, no meio do caminho.
Sacudia os pés e fazia movimentos de bailarina, “ponta-flex”, de certo aprendera num vídeo. E repetia. Direita-esquerda, direita-esquerda. Voltava a se atrapalhar.
O pé esquerdo insistia em ser mais rápido, em seguir o ritmo ou seu próprio andar. Mas o pé direito lá estava, no se arrastar, no ser igual e impassível.
Pés no chão e ela se levanta. Ao menos no piso duro, dentro dos tênis deformados pelo andar “pra dentro”, eles iam em conformidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Talitélia! Perfeito. Esse é daqueles q ao chegarmos ao final nos perguntamos: aconteceu? é simples ou profundo? Adoro pq consigo sentir, imaginar...Sua escrita é doce, assim como vc!