23.2.08

Direita e Esquerda

Os pés balançavam como um pêndulo. Direita-esquerda, direita-esquerda. Juntos.
Pouco tempo e lá estavam eles se esbarrando na mesa, num som contínuo. Não sei se era o som ou a falta de jeito que fazia com que o pé esquerdo se movesse numa velocidade maior, forçando o direito a ir chocar-se com o outro, sempre, no meio do caminho.
Sacudia os pés e fazia movimentos de bailarina, “ponta-flex”, de certo aprendera num vídeo. E repetia. Direita-esquerda, direita-esquerda. Voltava a se atrapalhar.
O pé esquerdo insistia em ser mais rápido, em seguir o ritmo ou seu próprio andar. Mas o pé direito lá estava, no se arrastar, no ser igual e impassível.
Pés no chão e ela se levanta. Ao menos no piso duro, dentro dos tênis deformados pelo andar “pra dentro”, eles iam em conformidade.

14.2.08

Assim...

E estou assim.. descontente. Desde muito tempo não ficava assim, assim... descontente. Não sei se é a falta ou a presença, o limite ou todos os meus excessos, o passado ou o presente... mas só assim... descontente. Se me revirasse do avesso, assim, sem saber, eu seria assim, descontente. Mas foi-se, um fio de luz, um fio de chance. E o talvez me apavora. O talvez sou eu. Assim como o gato miando na cozinha, “comida ou não? Miauuuuu... Talvez”.
Se é assim só você, ou muitos; se é assim, só eu... ou várias; se é o de agora ou o de antes. Não sei. Nunca sei. Talvez seja apenas o “talvez”. Assim... descontente.