Pois a vida é assim, feita de sol, chuva, neblina e arco-íris. E quem dirá que o raso não me torna profundo ou que o profundo não é apenas um passo pro raso?
O difícil é dizer algo que não se conhece e nem mesmo se sabe por onde foi. A dor é entediar-se de si mesmo quando nem mesmo se sabe quem é.
O problema é jogar sem saber qual é o prêmio. É pensar sem saber qual é o fundo.
É lama. Partida e chegada nos pés que tateiam o travesseiro.
É compreender que estar longe não quer dizer estar perto, ou que estar perto pode, sim, querer dizer estar longe.
É se enroscar em cobertores sujos que te levam a algo, que te fazem buscar o que não é legítimo, o que não é viável. “O que não tem sentido”.
É assim. Esperar que o sol nasça e adentre. Que endureça a couraça de terra e que esta se desfaça.
Que seja mais uma parte da alma no ar. Se dissolvendo qual poeira na estrada deserta.
Que seja a pele morena, feita de sol, chuva e arco-íris.