20.4.08

Transfiguração

Pois a vida é assim, feita de sol, chuva, neblina e arco-íris. E quem dirá que o raso não me torna profundo ou que o profundo não é apenas um passo pro raso?

O difícil é dizer algo que não se conhece e nem mesmo se sabe por onde foi. A dor é entediar-se de si mesmo quando nem mesmo se sabe quem é.

O problema é jogar sem saber qual é o prêmio. É pensar sem saber qual é o fundo.

É lama. Partida e chegada nos pés que tateiam o travesseiro.

É compreender que estar longe não quer dizer estar perto, ou que estar perto pode, sim, querer dizer estar longe.

É se enroscar em cobertores sujos que te levam a algo, que te fazem buscar o que não é legítimo, o que não é viável. “O que não tem sentido”.

É assim. Esperar que o sol nasça e adentre. Que endureça a couraça de terra e que esta se desfaça.

Que seja mais uma parte da alma no ar. Se dissolvendo qual poeira na estrada deserta.

Que seja a pele morena, feita de sol, chuva e arco-íris.